
SOMOS UMA ESPERA
Caindo pelas grades da minha infância
Com amigos de minha mesma face
Corro junto-sozinho
Aos tropeços na tentativa de ser alguém
Arranhando-me pelas matas da estrada
Vejo meus Nietzsches e Sartres chorarem
Levanto-me de joelhos ralados
Sem ter muito tempo
De me preocupar com qualquer autopsicografia
Pois o único fingimento é tentar ser eu mesmo
E no fim da brincadeira de ser gente
Não posso nem ser barata
Mas tenho de ter a casca grossa
Pra não ser esmagado por qualquer Kafka
Não adianta brincar de criar cidade
Quando os homens maus são os reis
E os bonzinhos não têm estudo para serem heróis
E dizer que parecer justo
E ser na verdade injusto
Nem parece uma maiêutica socrática
E então, quando eu estiver bem positivo
Talvez alguém me Comte
Que o lado negativo disso tudo
É que meu nariz apontará
Para meu objetivo
Como um Sêneca feliz ou Clarice chorosa
Apontam para o fim da brincadeira
Onde Freud explica que a curiosidade de Einstein
É a espera do nada.
(Por Marcos P. S. Caetano)
P.S.: Peço desculpas, a todos os que desde o início me acompanham nessa jornada da escrita, devido a minha ausência indiscriminada. Porém, para felicidade, e pesadelo, de uns ou outros, retorno ao blog para continuar acariciando a existência com uma possível arte.
Um abraço a todos, e será gratificante revê-los.