
"Soneto dos beijos que te dei, e dos que não te dei"
Se vens com olhos teus e m'alimentas
De palavras secretas, esquecidas,
Quebras minhas arestas, tu sabias:
Aclara céus e se acabam tormentas.
E se teus olhos de mim desvias
Com intuito de não te atormentares:
Enganas-te, qu'aind'assim te roubo ares,
Pois vestes do silêncio a fantasia.
Não há mais bela roupa entre os olhares,
Nem maior fruição qu'a deles se despir:
Dentro da nudez dos nossos pesares
É desnudar dos mortos o carpir;
Deixa o não-dizer beijar o que digo
E não deixas os meus beijos contigo.
(Por Marcos P. S. Caetano)
Fortaleza, 05h18 de 8 de Dezembro de 2010.
Pintura: No Dia Seguinte, Edvard Munch. Óleo sobre tela. 1894/1895.
Palavra da Vez:
tormenta
s. f.
1. Grande tempestade.
2. Fig. Agitação violenta; tumulto.
fruição (u-i)
s. f.
1. Acto!Ato ou efeito de fruir.
2. Posse.
3. Gozo.
fruir (u-í)
(latim *fruere, de fruor, frui, ter o gozo de, usufruir, conviver)
(latim *fruere, de fruor, frui, ter o gozo de, usufruir, conviver)
v. tr. e intr.
1. Estar no gozo ou na posse de.
2. Desfrutar; gozar.
carpir
(latim carpo, -ere, colher, arrancar, separar)
(latim carpo, -ere, colher, arrancar, separar)
v. tr.
1. Prantear, chorar.
2. Mondar.
3. Colher, arrancar.
v. intr.
4. Chorar.
v. pron.
5. Lamentar-se.
6. Arrancar-se os cabelos (em sinal de dor).
7. Bras. Tratar e desmoitar (uma roça).
gosto muito de sonetos. este ficou muito bom mesmo. estou seguindo teu blog, me agradou bastante estas palavras. abraço.
ResponderExcluirOs beijos que não demos também fazem falta.
ResponderExcluirObrigada pela visita. Beijos!
A-do-rei.
ResponderExcluirCara, muito massa a tua página, tanto no que se refere aos textos quanto nos links disponíveis.
ResponderExcluirGostei muito mesmo foi das histórias do Daniel. Muito bom a relação do que acontece com ele e as músicas! O cara passa por pocas e boas. Aquela com a música do Led foi sensacional. Interessantíssimo o aparecimento de intelecutais assim do nada, através de suas citações e obras, tudo se ralacionando com o que tá acontecendo com o Daniel.
Muito bom, cara.
Abraço.
mas tu gosta de apostrofos hein! hehe...
ResponderExcluirme lembrou akeles poemas classicos, nao sei pq...
Belo soneto! Apesar de que acho que já deixei claro que não gosto muito da formação 2 quartetos e 2 tercetos.
ResponderExcluirOs beijos dados são fatos, mas os beijos que não foram estão, na consciência, pesados.
Não tem como "rebolar no mato" os beijos dados.
ResponderExcluirNoite de luz.
Rebeca
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Que bom saber que és um dos sonetos. Este, embora liricamente declamatório, ficou ótimo como tal.
ResponderExcluirQue dizer? Quando algo é bom sempre fogem as palavras, mas, por ser bom, corremos atrás delas. Senti neste soneto um eco vago de Vinícios, não sei dizer bem se o é.
Ah, Cavalos marinhos, é algo que me remete à nostalgia, nem tinha relacionado isso ao que dizia na canção de Russo. Pensando bem, ela tem muito a ver com meu singelo poema.
Parabens, ta incrivel!
ResponderExcluirbelíssimo, querido.
ResponderExcluirÉ de uma sofisticação linguistica,e um refinamento,que talento.
ResponderExcluirParabéns!
''E se teus olhos de mim desvias
ResponderExcluirCom intuito de não te atormentares:
Enganas-te, qu'aind'assim te roubo ares,
Pois vestes do silêncio a fantasia.''
Curti demais essa parte
^^
Não sou um erudito, meus dedos tremem ao digitar estas palavras...
ResponderExcluirMinha mente diverge ao ler este soneto, logo sonho com a minha amada que ainda não a amei.
E o que dizer dos seus sofisticados modos de escrever o surreal?
Parabéns Marcos
Ass: Tiago